ossos da minha vida

vandalizo e vasculho a saliva podre
que nos deixa na boca o hálito de fel,
para rejubilar-me com os doces perdidos
e os olhares mantidos de um beijo infiel.
resta-me ser um verme,
devoto das estradas
e da palavra proibida.

já só me chega o corpo da vida
onde mastigo as vísceras do momento
e deambulo nas entranhas do agora.

prefiro a minha vontade mantida
e o meu sangue rarefeito, quase extinto,
do que extinguir os sonhos
ou morrer faminto do desejo de existir.
resta-me ser um verme,
em prática,
e não um homem por teoria.
resta-me ser mais que os audazes,
porque sou mais na minha glória
do que na memória da maioria.

arrasto-me, mordisco
e trinco a eternidade.
e amo cada espasmo de um orgasmo
criado pela agonia da verdade!

sou um verme parasita dos instantes.
um ser infame (para uns)
e para todos vivo!
é essa a arquitectura
a que a minha pele se segura
e pela qual transpiro
e com a qual rasgo a carne corroída
pela gangrena do impossível.
resta-me ser uma instável criação
de um divino em que não acredito,
sendo que eu,
um marginal submisso,
sou um feliz maldito um dia nascido!

2 comentários:

Ana Borges disse...

LINDO!!^^

rfranco\\ disse...

obrigado... fico feliz q alguém os leia.