choro

choro em silêncio
para não ser ouvido,
eu choro sem lágrimas
para não lhes sentir o sabor.
pois só nesse silêncio
eu choro o que me é devido
e só ao sal que lhes pertence,
pertence também a dor.

choro fechado na noite
e encostado à agonia que aperta,
sozinho, num berço que é o meu
confronto chegado á madrugada.
choro longe para que não mais se sinta
as sombras partidas na minha aresta,
para que seja só meu o rosto ferido
sem vos arrastar comigo pela estrada.

sem palavras, sem gemido
e sem o sentido de pena acordado.
choro apenas o que preciso
sentir na pele do meu corpo.
sem ter voz em todo o nada
nem as trevas em rosto molhado.
choro assim enquanto vivo
e assim ei de chorar até estar morto.

1 comentário:

Anónimo disse...

quem te leva os teus fantasmas???

ninguem leva os teus fantasmas?!?!?